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A Inteligência Artificial é mesmo inteligente?

Por: Tayná Sturion

24/07/2023 - Atualizado em 24 de julho de 2023

A popularização das IAs (Inteligências Artificiais) está causando abalos sísmicos e, certamente, transformando a paisagem do mundo como o conhecemos.

O Pecege decidiu trazer o tema à tona em diversos conteúdos e mídias digitais e ir além das opiniões a respeito dele, tratando de como estamos há alguns anos fazendo parte desta transformação. No Pecege este tema é uma realidade.

Sabemos que não se trata de prever o futuro, mas sim de criá-lo. Sendo assim, o melhor que temos a fazer é analisar a questão para refletir a respeito das Inteligências Artificiais enquanto participantes deste movimento e criadores de tecnologias que fazem uso deste conceito.

Enquanto caminhamos inevitavelmente para um mundo automatizado, repleto de possibilidades, torna-se imprescindível refletir sobre as implicações éticas dessa tecnologia, pois além de seus desafios legais e sociais sem precedentes, ela também representa uma mudança cultural profunda que pode redefinir os rumos e o futuro da humanidade.

Inteligente até que ponto?

Entendemos ser necessário, inicialmente, compreender o que a inteligência artificial é e o que ela não é. É fato que a alcunha “Inteligência Artificial” se popularizou, no entanto, seu sentido pode ser mal interpretado, isso porque a palavra ‘inteligência’, neste contexto, é apenas uma metáfora.

Apesar de serem capazes de processar enormes quantidades de dados de forma rápida, há diferenças qualitativas entre as produções artificiais e humanas porque a inteligência é, na verdade, um processo orgânico extremamente eficiente, que as máquinas não são capazes de imitar em toda sua complexidade, embora elas o estejam imitando parcialmente.

Assista ao videocast FALA PECEGE sobre o tema "A IA TÁ AÍ" e acompanhe um pouco das discussões sobre Inteligência Artificial e como o Pecege tem lidado com ela.

A inteligência artificial é alimentada com enormes quantidades de informações catalogadas e reunidas em bancos de dados que, por sua vez, são grandes acervos virtuais, tais como as bibliotecas. Elas são resultado do conhecimento produzido pela humanidade, que a inteligência artificial processa, detectando padrões e fornecendo respostas estatisticamente plausíveis.

Portanto, apesar de aparentemente ter uma capacidade ilimitada de “aprender”, o que ela faz na verdade, é transitar entre probabilidades, de acordo com a programação dos algoritmos que controlam suas ações. Isso a torna incapaz de pensar, racionalizar e entender conceitos por exemplo, fazendo com que suas respostas sejam sempre previsões estatísticas baseadas em informações pré-existentes, fornecidas por nós.

O que dizem alguns especialistas

Por esse motivo, contrariando a popularidade do nome da ferramenta em seu artigo “A Falsa Promessa do ChatGPT”, o professor Noam Chomsky afirma que a inteligência artificial é imprecisa e limitada quando comparada à mente humana e que as respostas dos sistemas de aprendizado de máquina serão sempre superficiais e duvidosas.

Em sua 3ª edição, O Correio da UNESCOO  de 2018, também apresentou importantes reflexões sobre os impactos da inteligência artificial e defendeu a necessidade de criarmos um código de ética universal como instrumento internacional de regulamentação para o desenvolvimento responsável dessa tecnologia.

Na mesma edição, o filósofo e psicanalista Miguel Benasayag concedeu uma entrevista na qual alerta para o que pode ser o maior risco em potencial que a inteligência artificial representa hoje para nós: o de que ela possa nos deixar preguiçosos e nos fazer emburrecer ao nos acostumarmos a delegar tarefas de modo que as áreas do nosso cérebro responsáveis por funções cognitivas podem se atrofiar, levando ao desenvolvimento de doenças degenerativas.

Somos a fonte e o destino da inteligência

Sendo assim, devemos nos lembrar de que nós continuamos sendo a fonte da inteligência, para nos posicionarmos adequadamente neste cenário. Além disso, inteligência artificial é uma tecnologia que processa cálculos e prevê respostas sem a capacidade de dar sentido a essas informações e somente nós criamos significado para elas. O que é mais uma prova de que a subjetividade humana não pode ser substituída por algoritmos e que determinar se a IA é uma ameaça ou um benefício será uma responsabilidade inteiramente nossa daqui em diante.

Leia também: Inteligência Artificial: o ensinar e o aprender

O Pecege segue acompanhando cada mudança e trabalhando ao lado de especialistas para crescer e contribuir com essa transformação. Mas nossa aposta para o futuro é de que, junto dos avanços tecnológicos, emergirão também novos significados do que é ser humano. Pessoas e máquinas coexistem e tudo indica que desempenharão funções de forma cada vez mais colaborativa e complementar, o que, certamente, ressignificará nosso papel no mundo.

Confira o bate-papo com os especialistas em inteligência artificial do Pecege, Lucas Guerreiro e Luana Moro, e entenda como ela já vem sendo aplicada e quais são as possibilidades de utilização dessa ferramenta para aprimorar nosso desempenho em diversas áreas.